
Cresce a busca por cirurgias plásticas entre os adolescentes
A adolescência é uma fase marcada por transformações físicas e comportamentais. O período, que vai dos dez aos 20 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é também quando muitas pessoas despertam para a vontade de mudar definitivamente algo no corpo. Isso porque, é durante a adolescência que se intensifica a construção da personalidade, a busca por autoestima e a necessidade de se sentir pertencente a grupos sociais.
Diante de tal cenário, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) sinaliza que o número de adolescentes entre 13 e 18 anos que realizam cirurgias plásticas tem crescido nos últimos anos. A decisão é motivada, conforme a entidade, por opinião de amigos, padrões de beleza impostos pela indústria da moda e estereótipos
apresentados em campanhas publicitárias.
Entre os procedimentos mais procurados por esse público se destacam as cirurgias de mama, lipoaspiração, rinoplastia e otoplastia. No entanto, apenas a rinoplastia e, eventualmente, a redução de mama, são destinadas a corrigir problemas de saúde. As demais se baseiam em reparos estéticos.
De acordo com o cirurgião plástico Josinaldo Martins, antes de tomar a decisão de recorrer a um procedimento cirúrgico é importante que o adolescente, acompanhado dos pais ou responsáveis, procure um especialista para discutir o anseio e confrontar as expectativas com os resultados esperados após a cirurgia. “É necessário avaliar o
tipo de procedimento desejado, além da maturidade física e emocional do paciente para encarar a mudança”, esclarece.
Cirurgias de mamas, por exemplo, são indicadas apenas quando as jovens atingem, pelo menos, 80% do crescimento total. Essa análise pode ser feita por meio da idade óssea e da estatura dos pais e parentes de primeiro grau. A idade da primeira menstruação, tratamento ortodôntico em curso e exames hormonais também são itens que precisam ser levados em consideração pelo médico na tomada de decisão.
Já a lipoaspiração, tão comum no Brasil, só deve ser feita após os 18 anos. Em muitos casos, é necessário consultar um psicólogo ou psiquiatra para analisar se o jovem não sofre de desvios de imagem corporal.
Quando se trata das orelhas, que param de crescer entre cinco e seis anos, é possível recorrer à cirurgia ainda na infância. Ela é indicada quando a criança sofre bullying, o que pode atrapalhar o desenvolvimento social e emocional. Em contrapartida, a cirurgia de nariz é recomendada após os 16 anos, principalmente, se há
problema de septo que force o jovem a respirar pela boca.
Riscos
Os riscos da cirurgia plástica realizada em adolescentes são os mesmos de qualquer procedimento submetido em um adulto. O que pode ser diferente é a chance de frustração por expectativas não realistas causadas pela personalidade ainda em formação. Por isso, é fundamental que a estrutura psicológica do paciente esteja
preparada para encarar e aceitar a mudança de imagem que a cirurgia proporciona. “A cirurgia plástica também exige responsabilidade e disciplina do paciente no pós-operatório”, complementa o cirurgião plástico Josinaldo Martins.
É indicado também que os pais acompanhem de perto todo o processo. A família precisa participar das consultas, dos exames pré-operatórios e da recuperação. Para menores de idade, é necessário, ainda, assinar uma autorização para a realização da cirurgia.
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