
Proibir não é o melhor caminho para educar
No Senado Federal, tramita um projeto de lei (PLS 346/2018), que prevê a proibição da distribuição e venda de bebidas como refrigerantes, néctares, refrescos, chás prontos para o consumo e bebidas lácteas nas escolas de educação básica públicas e privadas. O projeto avança e está em análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Contudo, merece também a análise mais aprofundada por parte da sociedade.
É preciso compreender o motivo dessa proibição. Claro, ninguém questiona os males causados pelo excesso de açúcar ou de carboidratos em geral. Sabemos que ele é ruim, desde que, evidentemente acompanhado pela palavra excesso.
Nesse sentido, de igual maneira, muitos outros excessos são nocivos à saúde. São maléficos o excesso de gordura, de proteína e, acredite, até mesmo água em exagero.
Outro ponto relevante que deve ser observado é o que acontece com nossos mecanismos psicológicos e conexões neurais quando simplesmente somos proibidos de algo que gostamos. Todos ficam mais ativados, mais reforçados, e o pensamento passa e volta o tempo todo sem parar. Ou seja, aumenta o desejo e a busca por aquilo que não se pode. Vira obsessão, uma compulsão quando se consegue.
Forma-se, então, uma espécie de ciclo vicioso. Mecanismos alternativos são criados para alcançá-los. Surgem problemas sociais relacionados com o acesso ao proibido. O quadro se agrava quando o público afetado é formado por crianças, que não têm maturidade emocional ou cognitiva para entender esse circuito.
Educar, ensinar o que é, saber as consequências, como compensar, quanto tomar, qual é a diferença existente entre saborear e engolir de uma vez, tudo isso faz parte de uma solução muito mais eficaz do que pura e simplesmente proibir por meio de lei. A educação e conscientização sempre serão os melhores caminhos para mostrar o que é certo e o que pode trazer riscos, problemas e consequências.
Quem pensa nesses projetos proibitivos e não educacionais, quem analisa que bolsas ao invés de educação e trabalho diminuem miséria, assim como quem pensa que violência se diminui com armas e não com educação é ignorante, mal intencionado e segue na mão contrária à evolução da sociedade.
Quem pensa que governar um país só depende de vontade e não de formação educacional em gestão e administração está jogando contra a nação. Infelizmente, o nosso país está repleto de pessoas com essas filosofias.
São pessoas que ficam criando soluções populistas, fazem estardalhaço e mexem com o sentimento de pessoas com menor grau de educação, instrução e discernimento, que sequer sabem avaliar e perceber as consequências desses atos, e ficam mantendo a mesma corja na gestão do país e da Educação.
Precisamos urgentemente rever essa forma pela busca de soluções. O voto é o nosso grande motor dessa necessária transformação.
*Cristiano Parente é professor e coach de educação física, eleito em 2014 o melhor personal trainer do mundo em concurso internacional promovido pela Life Fitness. É CEO da Koatch Academia, do World Top Trainers Certification, primeira certificação mundial para a atividade de educador físico.
Publicar comentário